segunda-feira, 12 de novembro de 2007

EXPERIÊNCIA HISTÓRICA (VERSAO 2 - A vida não é só lazer nao é! rs)


UMA NOITE DE VINHOS...ALIÁS, DUAS (ATÉ O MOMENTO!)


Era início de novembro, meu pai e alguns amigos estavam reunidos na Fazenda Santa Marcelina, em Caeté, apreciando um bom vinho. Essa era uma situação comum na vida daqueles que sempre tiveram o costume de encontrar durante a semana, principalmente subir a Serra da Piedade, para tal. Depois de algumas taças e um bom papo sobre a bebida, meu telefone celular tocou tarde na noite (estava em Belo Horizonte), e logo já ouvi meu pai dizendo “filha, você terá um grande desafio pela frente. Se prepare. Quero que você me ajude a organizar um festival de vinhos na Serra da Piedade”. Naquele momento, percebi pela voz do querido pai, uma certa alteração provocada pela bebida, mas por outro lado, suas curtas palavras me instigaram. Voltei a dormir e assim, no dia seguinte, conversamos novamente sobre a proposta e logo agendamos uma reunião na Serra com todos os interessados e envolvidos. Meu pai sabia do meu gosto pela organização de eventos e apostaria na futura filha “turismóloga” todas as suas fichas em uma produção sonhada por ele e pelo falecido amigo Frei Rosário. Em uma semana estávamos reunidos a 1.783 metros de altitude. A Serra da Piedade (ambiente que integra toda minha infância e juventude) é um dos picos mais elevados da Cordilheira do Espinhaço. Sua história está estreitamente ligada à ocupação do território mineiro em busca do ouro. O lugar, definido pelos romeiros como “o mais próximo do céu”, somado ao clima frio, compõe um ambiente propício para apreciação de um bom vinho. E assim, eu tinha naquele momento, exatos 49 dias para transformar a idéia colocada em rabiscos no papel em uma realidade para o dia 16 de dezembro de 2006. Com a ajuda do meu irmão, jornalista, sentei e escrevi um mini-projeto, precisava ter em mãos algo que me norteasse e que servisse como uma simples direção, ao menos. Elaborei planilhas de custo, e através de uns contatos fui buscar apoios para o evento. Final de semestre na faculdade, muitos trabalhos, provas e ainda precisava buscar tempo para pensar e dedicar ao festival. Em alguns momentos pensei em desistir, considerava aquela atitude precipitada e é claro tinha um grande medo de não conseguir. Mas a imagem do meu pai e de sua vontade por essa realização não saíam da minha mente, tinha medo de decepcionar aquele que sempre me ensinou “os homens são do tamanho dos seus sonhos”. E decidi arriscar. Precisava formatar ao mínimo uma filipeta para uma pequena divulgação, desenvolver os convites e a forma de venda destes, procurar taças e personaliza-las para os participantes, definir vinhos e cardápio, música, decoração e muitos outros detalhes.


Tudo estava caminhando, e há apenas uma semana do evento me deparei com um grande problema. A empresa que tinha me vendido as taças de vinho tinha sido fechada no dia da minha entrega pela polícia federal por sonegação de impostos e junto estava toda minha mercadoria. Pensei, novamente, em desistir. Depois de longos dias desgastada não conseguia mais acreditar que algo poderia dar certo. Mas novamente surgia meu pai. A persistência enfim, deve permear os grandes sonhos e logo encontramos uma nova solução. O grande dia chegou. Manhã ensolarada, uma temperatura agradável, propícia para um bom vinho e muito trabalho pela frente. O 1º Festival de Vinhos Finos Caves d’ Pietà (Caves são cavernas onde são armazenados os vinhos para que não se perca a qualidade da bebida. São espécies de adegas locadas em um ambiente bastante úmido. Já a palavra Pietá significa Piedade. E como a serra possui várias grutas em meio às pedras pontiagudas, esse foi o nome escolhido) tornou-se o grande anfitrião daquela noite na serra, que recebeu vários convidados, amigos e curiosos que assim como nós arriscaram participar de algo até então desconhecido no local.





O número de participantes não foi de fato o esperado, mas o suficiente para tornar a noite muito agradável e garantir o sucesso do Festival. Com uma variedade de vinhos argentinos da vinícola “Don Domenico”, que apoiou o evento, queijos e defumados especiais produzidos na então Fazenda Santa Marcelina, pizzas finas assadas no forno à lenha, a decoração a luz de velas e uma bela música de um grupo local o festival parecia agradar aos que ali estavam presentes e principalmente àquele que sonhava com esta realização.
Enfim, apesar dos prejuízos financeiros (dignos e premeditados para um primeiro evento, mesmo antes de sua execução) o Festival de Vinhos Finos Caves d’ Pietà trouxe a satisfação pessoal do meu pai e dos seus amigos e a comprovação de que eu poderia sim, acreditar no meu trabalho e nas minhas experiências.

Em fevereiro de 2007 apreciando novamente um bom vinho na Serra, o grupo encontrava para discutir a segunda edição do evento. Um novo mês era proposto, tendo em vista que o mês de julho representava uma época menos concentrada de eventos, uma temperatura ainda mais agradável e sem neblina (elemento natural de risco para um festival desse que tinha o acesso considerado perigoso). E novamente eu tinha um grande desafio, tornar aquela “festa” em um evento mais consolidado e agora, porque não em um verdadeiro festival. E assim foi, depois de uma longa preparação, viagens a Feira Internacional do Vinho em São Paulo (Expovinis 2007) para captação de patrocínios, planilhas e projetos, apoio institucional e o reconhecimento pela Secretaria de Turismo do Estado como um evento cultural-gastronômico em MG, o 2º Festival de Vinhos Finos Caves d’ Pietà tornara-se algo mais profissional.



A venda das mesas esgotada semanas anteriores à realização, a bela taça de cristal desenvolvida exclusivamente para o evento, o imensurável apoio e colaboração do meu amigo Frank, a organização e o cerimonial (composto por minhas amigas e colegas de sala de faculdade Tatá, Fé, Ceci e Mari), as diversas uvas expostas em vinhos garantidos por três vinícolas selecionadas, e novamente os queijos, as pizzas, a música e um delicioso fondue de chocolate garantiram mais um sucesso de um evento que pretende ainda crescer e de um grande sonho, tornar uma realidade presente no calendário anual da Serra da Piedade. Local que marcou a minha infância (soltar pipa, assistir à missa na capela com a família aos domingos, comemorar o aniversário da avó)...e que de alguma forma me lembrou, neste momento, a palavra-chave “biboquê”! E assim, achei o fim!



















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